terça-feira, 9 de junho de 2009

The Terribles, o som garageiro e psicodélico d'Os Inocentes


The Terribles, o som garageiro e psicodélico d’Os Inocentes

Gabriel Passos, para o blog www.mistervinil.blogspot.com

Há algum tempo, um disco garageiro e psicodélico – um verdadeiro “nugget“ do Rock nacional -, com guitarras sujas e algumas vozes em uníssono chamado “Genial! Universal Sound”,
do grupo The Terribles, intriga em muito os colecionadores de discos brasileiros. Lançado em 1967 pelo selo NCV – do produtor Nilton Couto do Valle -, trazia doze faixas,
sendo a maioria dos Beatles, duas dos Shakers, uma dos Monkees e uma própria, de autoria de Hector Capobianco. E foi com ele que conversamos para redigirmos a matéria.
Hector chegou com seu grupo, The Innocent’s, do Uruguay. Formado por Nestor Vittirit(guitarra base), Ruben Pierra(guitarra solo e voz), Hector Capobianco(contra-baixo e voz)
e Raimundo Ibarra(bateria), tinham gravado um compacto simples pela gravadora Sondor, com o nome de Los Inocentes. Neste disco, aparecia a primeira gravação de “I Will Not Cry”,
com a participação de Juan Roberto “Pelin” Capobianco, irmão de Hector e ex-Los Shakers.
Já no Brasil, foram primeiro para Porto Alegre, porém rapidamente vieram pra São Paulo. Com fome, precisando de dinheiro e tocando numa boate de baixa qualidade,
conseguiram com o amigo Miguel Cidras a gravação de um LP, com o qual ganhariam um bom dinheiro.
Chegando na gravadora, que ficava no centro da cidade, teriam que gravar rapidamente,
até porque iriam para Porto Alegre no outro dia. O disco então foi gravado em uma sessão só, num único dia. Hector recorda que a correira de seu baixo quebrou,
tendo que gravar “Lucy In The Sky With Diamonds” – gravação esta que foi feita em menos de meia-hora - apoiado numa cadeira. Lançado – assim como vários outros
discos da gravadora – com o pseudônimo de The Terribles, rendeu uma boa porcentagem de dinheiro para os integrantes do grupo uruguaio-brasileiro.
Porém, a maré baixa parecia acabar de vez: Começaram a ganhar fama e atraíram a curiosidade de Roberto Carlos, que foi ver um show na boate e ficou surpreendido.
Acabou chamando o grupo para acompanhar alguns shows e se apresentar no programa Jovem Guarda. Mais tarde, Ruben Pierra teria uma hepatite e o grupo teria de voltar pra Montevideo.
De Montevideo, com Ruben já curado, voltaram diretamente para o Rio, onde se apresentaram por um mês na boate Drink, de Cauby Peixoto, e por uma noite no Canecão,
juntamente com Chris Montez e Herman’s Hermit’s, entre outros grandes nomes da época. Excursionaram na Bahia e, na volta, gravaram um compacto com o nome de “Os Inocentes”,
contendo as músicas “Love-Me Lola” e “Believe-Me”, pela gravadora Phillips, lançado pelo selo Polygram. Também acompanharam Marcio Greyck no disco “De Corpo E Alma”,
inclusive no sucesso “Impossível Acreditar Que Perdi Você”, onde Hector toca piano. Foi nesta mesma época que o grupo se dissolveu.
Hector e Raimundo Ibarra formaram, no Brasil, juntamente com Juan Roberto “Pelin”, uma nova formação dos Shakers, que chegou a gravar um disco e excursionar pela América Latina.
Ruben Pierra suicidou-se há cerca de um ano, com um tiro na cabeça. Os irmãos Capobianco moram, atualmente, no Rio De Janeiro.

Observações: Não confundir o grupo The Innocent's(Os Inocentes) com o grupo brasileiro de mesmo nome. Também é necessário reafirmar que os mesmos só gravaram este disco com o nome de "Os Terríveis". Nas fotos, a capa do disco e Hector Capobianco, atualmente.

Playlist:

The Terribles - Genial! Universal Sound - 1967

1. Lucy In The Sky With Diamonds
2. She's A Woman
3. Fixing A Hole
4. Break It All
5. Here, There And Everywhere
6. You Like Me Too Much
7. Getting Better
8. A Little Bit You A Little Bit Me
9. Got Any Money
10. I Need You
11. With A Little Help From My Friends
12. I Will Not Cry

Download AQUI.

terça-feira, 10 de março de 2009

Playlist - 1

Amigos,

Está disponível, para download, a primeira playlist que criei.

A lista está bem eclética em termos de música antiga. Abre com uma versão para "A Taste Of Honey", com o grupo chileno Los Rumbles, vai com Altemar fazendo um cover - muito bonito, por sinal - de Roberto Carlos. Também tem o grupo mexicano Los Apsons com uma
versão bem pesada de Satisfaction, o grupo pernambucano Ave Sangria com "O Pirata", o soul-rock-man Swamp Dogg - considerado por muitos o Frank Zappa da soulmusic -, Chico Buarque e Fernanda Porto com um remix de "Roda Viva" - gravado para a trilha do filme "Cabra-Cega", de 2005 -, psicodelismo total com The Four Seasons, Leno, da dupla Leno e Lilian, com a magistral "Em Busca Do Sol", Tom Jobim e Frank Sinatra com "Wave", em inglês, The Hollies com "Blowin' In The Wind", cover de Bob Dylan, Taiguara com "Hoje", Marianne Faithfull com "As Tears Go By", Nelson Gonçalves com "Eu E A Brisa", clássico da Bossa-Nova, David Bowie com o clássico "Starman", Odair José com a fuzz "Tudo Acabado", de seu primeiro disco, composta por Raul Seixas, Pholhas com "She Mades Me Cry", Roberto Carlos com "Sua Estupidez" e, fechando a playlist, The Ventures com "Hawaii Five-O", tema do seriado homônimo.

Playlist - Gabriel Passos - 1

1. Los Rumbles - Sabor A Miel (A Taste Of Honey)
2. Altemar Dutra - As Flores Do Jardim Da Nossa Casa
3. Los Apsons - Satisfaction
4. Ave Sangria - O Pirata
5. Swamp Dogg - Total Destruction To Your Mind
6. Chico Buarque e Fernanda Porto - Roda Viva
7. The Four Seasons - Genuine Imitation Life
8. Gileno - Em Busca Do Sol
9. Tom Jobim e Frank Sinatra - Wave
10. The Hollies - Blowin' In The Wind
11. Taiguara - Hoje
12. Marianne Faithfull - As Tears Go By
13. Nelson Gonçalves - Eu E A Brisa
14. David Bowie - Starman
15. Odair José - Tudo Acabado
16. Pholhas - She Mades Me Cry
17. Roberto Carlos - Sua Estupidez
18. The Ventures - Hawaii Five-O

LINK: http://rapidshare.com/files/207727359/Playlist_gp_1.mp3.html

domingo, 14 de dezembro de 2008

Fotografias raras - 1

O blog Mister Vinil traz até vocês a primeira de muitas fotografias raras, que serão publicadas de tempos em tempos.



Ronnie Von e Gal Costa - Jornal "Ultima Hora", 19 de Julho de 1969.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Os Aranhas - A curta(mas significante) trajetória de um conjunto


Os Aranhas - A curta(mas significante) trajetória de um conjunto
Por: Henrique "Gato Vinil" Alvarez *



O ano era 1966 e, para quem gostava de música jovem, a revista Intervalo - que trazia a programação semanal da televisão, além de reportagens e notícias sobre o mundo do entretenimento - era leitura obrigatória. Uma das opções mais interessantes era o programa “A Festa do Bolinha”, apresentado por um simpático senhor grisalho chamado Jair de Taumaturgo, que era um dos poucos programas de música gravados no Rio de Janeiro, nos estúdios da extinta TV-Rio, Canal 13, que, por sua vez, ficava no "Posto 6", em Copacabana. Era lá, todos os sábados às 16:00 hs que se apresentavam os cantores já consagrados da Jovem Guarda como Erasmo, Roberto, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Deny e Dino, mas também os grupos não tão conhecidos assim, como Os Deuses, O Die Panzer(ambos grupos do bairro do Grajaú) e Os Aranhas, que era uma espécie de grupo residente do programa. Com dois palcos laterais, para a apresentação dos conjuntos, Os Aranhas ocupavam seu lugar no lado direito e, no lado esquerdo, ficavam os grupos que vinham de fora ou aqueles que sempre acompanhavam determinados artistas, como no caso de Ronnie Von, que sempre trazia seu grupo.

Alguns desses conjuntos chegaram a gravar discos e Os Aranhas foi um deles. Lançaram, no mesmo ano, pelo selo Copacabana, o hoje raro compacto simples com "Brotinho Não se Iluda" (Paulo Rios) e "Toda Noite Sonho" (versão de Rossini Pinto para California Dreamin', dos Mammas and the Pappas)

Apesar do lançamento do disco, os rapazes dos Aranhas não fizeram sucesso e ficaram restritos ao Rio de Janeiro. Não se sabe mais sobre eles. Mas, de certa forma, registraram seu nome no cenário da Jovem Guarda.



*Henrique é colecionador há mais de 30 anos, comerciante, estudioso do mundo do vinil e escreve neste blog.

Desculpem a ausência(JG Obscura)

Amigos leitores,

Peço-lhes minhas sinceras desculpas pela ausência no Blog. Estive muito ocupado com a criação do site "oficial" da Jovem Guarda Obscura...



E aí está ele: Você acessa clicando AQUI ou na imagem(não está com muita qualidade, pois foi reduzida) . Se quiser ir diretamente ao site, o endereço é http://www.jovemguardaobscura.hpg.ig.com.br . Você também pode entrar clicando diretamente no "Jovem Guarda Obscura" do parágrafo acima.

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Agora, com o site criado, posso voltar ao Blog. Já começo com uma postagem do amigo Henrique "Gato Vinil" Alvarez, experiente pesquisador e colecionador, sobre o grupo "Os Aranhas" e seu raro compacto. Brevemente voltarei com grandes novidades, discos raros e afins.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Os Carbonos respirando a psicodelia


Os Carbonos respirando a psicodelia
Por: Gabriel Passos*

Em 1969, a psicodelia ainda estava surgindo no Brasil. Muitos artistas já aderiam ao estilo - por vontade própria ou dos empresários, ou seja, por dinheiro, como muitos que conhecemos. E o grupo Os Carbonos são um ótimo exemplo. Tendo dois irmãos gêmeos, Mário e Raul - é daí que vem o nome do grupo - fizeram muito sucesso com versões de canções que estouravam no mundo inteiro. Em 1969, já tinham gravado psicodelia: "Estou Ficando Louco", com Edson Wander, que teve a sua concepção nas viagens lisérgicas de Nelson Ned. "A gente nem sabia o que era isso... Ele só fez a música e eu gostei", diz Edson. O grupo fez um arranjo com guitarras distorcidas, fuzz e muitos ecos, gerados pelo operador da mesa de som.
Ainda no citado ano, gravaram um dos compactos mais raros do Brasil: "Flash", do psicodélico gaúcho Hermes Aquino, e "Sala de Espera", de Laís Marques. Ao que tudo indica, os arranjos são de Hermes. Algum tempo depois, os dois regravaram as mesmas, em dupla, num também raro compacto¹. Mas porque o compacto d'Os Carbonos seria mais raro que o de Hermes e Laís? Primeiramente, vamos para a dúvida: Até hoje não sabemos se o disco foi comercializado. As poucas cópias que existem nas mãos de colecionadores quase sempre acompanham um carimbo do divulgador, atestando que é uma cópia para promoção. Se foi comercializado - não consta em nenhuma discografia - as cópias foram poucas. O disco não foi bem divulgado e não teve a aceitação do público. Acharam "muito louco", como dizem algumas pessoas da época.
Voltando às músicas, "Flash" repete "Flash luminoso, flash de amor, flash flash flash, flash luminoso meu amor". Canção bem elaborada, recheada de guitarras distorcidas e sintetizadores disfarçados, além de um orgão Hammond, provavelmente um modelo B-3. Em "Sala de Espera", o ar psicodélico é mais presente: Começa com uma levada calma, ao violão, e depois pula para o Rock'N'Roll, com uma letra totalmente ligada ao estilo psicodélico.
Muitos dizem que lembram Os Mutantes, que são melhores que muitas do grupo. Na opinião deste que vos escreve, se chamassem Rita Lee para cantar, ficaria com dúvidas quanto ao grupo que estava executando.
A verdade é que Os Carbonos deixaram sua marca eterna na Psicodelia Brasileira. Queiram ou não queiram, eles são bons "prá chuchu".

¹ Fonte: http://sucessos1000.tripod.com/rock_brasil_rarossss.htm
*
Gabriel Passos é colecionador, radialista e escreve neste blog

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Flor de Cactus - Os primórdios de um conhecido artista




Flor de Cactus - Os primórdios de um conhecido artista

Por: Henrique "Gato Vinil" Alvarez *



A maioria dos artigos ou discografias de Lenine mencionam como sendo seu primeiro disco, o LP "Baque Solto" que ele gravou em 1983 junto com seu parceiro Lula Queiroga.

Na verdade, a primeira gravação do pernambucano aconteceu em 1979 quando ele fazia parte do grupo "Flor de Cáctus", que também não é o mesmo Flor de Cáctus do Rio Grande do Norte, que gravou 3 LPs e acompanhou Zé Ramalho em alguns shows.

O "Flor de Cáctus" de Recife era formado por André Luiz na viola, Cacá no baixo elétrico, Mário Lobo no piano, Plínio na flauta, Sérgio Campello na bateria e percussão, Zé Rocha no violão e Lenine no violão e voz. Contava também com Paulo Rafael, ex-Ave Sangria, como participante especial, na guitarra. Desses integrantes, Zé Rocha, parceiro de Lenine, continua com sua carreira solo, já tendo gravado inclusive CDs.

O Flor de Cáctus gravou apenas esse compacto pelo selo Matita Discos, de Recife, que era de Zé da Flauta, que produziu o disco em parceria com o próprio grupo e Paulinho da Macedônia. O compacto traz no lado A - "Festejo" de Zé Rocha e André Lobo e no lado B - "Giração" de Lenine. Um disco raro e importante para quem coleciona a obra de Lenine.


Em 1984, depois do LP "Baque Solto", Lenine gravaria um segundo compacto, também difícil de ser encontrado hoje em dia. Trata-se de "Baque da Era" (Lenine/Fubá /Zé Rocha) e trazendo no lado B "Véu da noite" (Lenine/Pedro Osmar/Zé Rocha). O compacto foi gravado pela Philips.








Em 1985, mais um enigmático e obscuro lançamento do pernambucano, desta vez pela CBS, com produção de Mariozinho Rocha. Trata-se do compacto do grupo "Xarada" que tinha a seguinte formação: Lenine na voz e guitarra, Caxa na guitarra e vocal, Fábio Girão no baixo e vocal, Duda na bateria e vocal e Sartori nos teclados e vocal. O lado A do compacto traz "Mal necessário" (Lula Queiroga/Lenine) e no lado B "O Feitiço e o feiticeiro" (Lenine/Caxa).

O destino do grupo Xarada foi o mesmo do Flor de Cáctus, ou seja, não chegou a lugar algum. Hoje, com o sucesso internacional e o reconhecimento de seu talento por todos, esses três compactos de Lenine são bastante procurados por seus admiradores mas como poucas cópias devem ter chegado às lojas, a maioria foi para as rádios, como promocionais, os discos são verdadeiras raridades da carreira de Lenine.

Ass: Gato Vinil


*Henrique é colecionador há mais de 30 anos, comerciante, estudioso do mundo do vinil e escreve neste blog.